Stade de France, um filme mal-assombrado
Maria
O Brasil enfrentará a França, amanhã, no Stade de France.
Claro, quando se fala neste estádio, a derrota de 3 a 0 do Brasil para a França, na final da Copa da 1998, é a primeira coisa que passa na cabeça da gente.
Cinco anos depois daquela tragédia, estive lá para cobrir a Copa das Confederações. Seria a primeira vez que o Brasil voltaria a pisar no Stade de France.
O Brasil enfrentaria Camarões e o vestiário usado pela delegação brasileira para o treino realizado na véspera, era o mesmo que a delegação usou na final contra a França.
Como Zagallo era o coordenador-técnico, colei nele para observar como se comportaria diante daquele macabro cenário.
Valeu uma grande matéria para o jornal Globo e colocarei no blog algumas declarações do emocionado Velho Lobo.
Assim que entramos no estádio e passamos a caminhar por aqueles corredores, a fisionomia de Zagallo mudou. Era visível que o ambiente o incomodava. Ainda assim, dei-lhe uma sutil cutucada: “E aí, Velho Lobo”?
A resposta foi curta: “O filme já passou inteirinho aqui dentro”. Disse ele, apontando para a cabeça.
Claro que falamos sobre Ronaldo, que, sofreu uma convulsão no hotel e o craque chegu a ser vetado para a final.
Zagallo relatou: “Eu o escalei e hoje o escalaria novamente. Ele queria jogar, não sentia nada, os médicos o liberaram e eu agi certo em colocá-lo na final. E, se o Brasil tivesse perdido sem ele, também me criticariam”.
Sentado num banco à beira do gramado, seus olhos percorreram o campo em várias direções e ele lembrava-se de tudo:
1 – “Foi ali que Zidane pulou e marcou o primeiro gol de cabeça”.
2 – “Foi aquela bandeirinha a chutada por Roberto Carlos, no lance que antecedeu o gol de Zidane”.
3 – O choque entre Ronaldo e o goleiro Barthez aconteceu naquele pedaço fora daquela área”.
4 – O tempo passou, mas não o suficiente para apagar o filme.
E fez um elogio ao atacante Edmundo: “ Edmundo foi nota 10. Estava escalado, com roupa do jogo, mas deu apoio total ao Ronaldo.
Emerson e Dida, que faziam parte do grupo em 1998, também estavam ali, mas dissimularam.
O goleiro se limitou a dizer: “Só penso nas coisas positivas”.
E Emerson negou a sensação ruim: “Aquilo passou”.
Só que no dia seguinte, o Brasil perdeu de 1 a 0 para Camarões.
Portanto, chegou a hora de o Brasil quebrar este tabu