Ainda Ronaldo
Maria
Em Porto Príncipe, Ronaldo se emocionou no centro do campo e embarcado no blindado Urutu que o conduziu ao estádio, num percurso que atraiu milhares e milhares de haitianos
O Jogo da Paz, vencido pelo Brasil por 6 a 0, em Porto Príncipe, foi um dos momentos mais especiais e tocantes da vida de Ronaldo, um dos que encamparam a realização daquele evento, que serviria para chamar a atenção do mundo inteiro para o drama vivido pelo povo haitiano.
Afinal, mais de 200 mil pessoas, morreram na tragédia causada por devastador terromoto seguido de violento maremoto. Como vi de perto tudo o que aconteceu, faço questão de postar alguns detalhes deste momento tão especial na vida de Ronaldo.
Ronaldo não acreditou quando, ao olhar pela janelinha do avião, percebeu a quantidade de gente que aguardava a delegação brasileira no aeroporto de Porto Príncipe.
Em poucas palavras, Ronaldo relatou toda sua emoção.
– É um dia inesquecível. Emoção assim só quando cheguei no Brasil depois da Copa de 2002 e na de 94 – disse Ronaldo, um dos primeiros a encampar a idéia de realizar o Jogo da paz.
Assim que o avião aterrissou, e ainda sob o impacto das imagens que todos viam pelas janelas, o técnico Carlos Alberto Parreira reuniu os jogadoes e mandou o seguinte recado:
– Eu nem preciso lhes dizer sobre a importância desse jogo, não é? Vocês mesmo podem sentir o quanto são importantes para essa gente tão sofrida.
Os jogadores foram distribuídos em sete carros blindados Urutu, do Exército brasileiro, pintados de branco e tendo, em negro, as iniciais da Organização das Nações Unidas. Uma multidão se reuniu às margens do trajeto.
Apesar de todo o cuidado das tropas brasileiras , em determinados lugares os haitianos chegaram a ter contato direto com os jogadores. Eles subiam nos carros blindados em busca de um aperto de mão, de um autógrafo. E como os veículos rodavam em baixa velocidade, muitos acompanharam todo trajeto correndo atrás das viaturas.
Havia pessoas em cima dos telhados de zinco das favelas para acenar e gritar o nomes dos jogadores. O de Ronaldo era disparado o mais ouvido. Outros haitianos subiram e instalaram em árvores e jogavam beijos para os jogadores.
Ronaldo, estático diante da janelinha do Urutu parecia hipnotizado diante daquela recepção. Ao longo dos oito quilômetros entre o aeroporto, ruas e avenidas estavam inteiramente tomadas.
Na chegada ao estádio, apesar de mobilização dos soldados da Unitas, o caos foi total. Que festa emocionante quando o time entrou em campo.
A euforia era tanta que parecia impossível conter o haitianos. Até mesmo o juiz Paulo Cesar de Oliveira, que participou do desfile, se emocionou.
Depois do jogo, o presidente Lula foi ao vestiário da seleção brasileira cumprimentar os jogadores e ganhou uma camiseta de Roberto Carlos. Lá, o presidente falou e agradeceu aos jogadores por tudo o que fizeram por aquela sofrida população. Lula também foi ao vestiário dos haitianos, acompanhado do presidente Boniface Alexandre.